terça-feira, 13 de junho de 2017

Luiz Fernando Furquim

Luiz Fernando Sigaud Furquim, publicitário, comandava a diretoria de publicidade e marketing da maior rede de supermercados do País, o Pão de Açúcar, onde sua subordinada me levaria para conhece-lo já que eu estava sendo contratado para trabalhar na assessoria de comunicação, algo que só foi possível depois de uma espera de 8 horas, ao final do qual ele disse apenas uma única frase: "Seja bem vindo ao grupo". Muitos anos antes disso tinha sido ele o responsável pela aprovação de uma revista que circulou nas lojas, distribuída gratuitamente e que virou cult, no qual trabalharam Amâncio Chiodi, Palmério Dória, Milton Severiano, Hamilton Almeida Filho e tantos outros, a Bondinho, que acabou saindo para disputar as bancas de jornais nos anos 1970. Furquim foi sempre um disseminador de ideias e de projetos bem acabados e de grande sucesso como a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), que ele ajudou a idealizar, a dar forma e a se tornar o que são até hoje, referências no meio em que ele viveu. Também foi vice-presidente do grupo Abril, trabalhava na sala ao lado do saudoso Roberto Civita.
Sua casa estava sempre cheia de personalidades que pareciam ter saído das revistas e dos jornais. Católico fervoroso, era sobrinho de um bispo mineiro, dom Sigaud, mas seguia a linha progressista. Encontrei em uma de suas festas o cônego Dario Bevilacqua, auxiliar e amigo do peito do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, com quem ele havia dividido o telhado das casas onde o dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz havia sido sequestrado.
Observador atento da política foi o responsável pela arrecadação de fundos nas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Tarefas que ele executou dentro da ética e da legalidade sempre.
Uma de suas ótimas, mas ao mesmo tristes observações, sempre muito sábias, foi quando me segredou: "Estou sentindo que nós estamos fora do mercado, não nos querem mais porque passamos dos cinquenta anos". A idade como impeditivo para alguém executar sua tarefa. Cruel mas, querem saber? verdadeira.