segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Maurício Tragtenberg

Conferência em Universidade de Minas Gerais nos tempos idos e vividos da ditadura militar (1964-1985). O Professor Maurício Tragtenberg, da Fundação Getúlio Vargas, convidado para falar sobre os rumos da política viu-se cercado de tantos alunos que não havia espaço para perguntas, mas sempre há alguém que fura o bloqueio e arrisca: "Já que o senhor está falando em instituições políticas, como definiria e mostraria como é a ditadura?". Prontamente ele respondeu: "Eles estão aí fora. Ao entrar aqui pedi licença, tinha uns brutamontes montados em quadrúpedes fortemente armados e mal educados que quase impediram a minha entrada". Propôs aos alunos que saíssem da sala e fossem ver de perto, ao vivo e em cores, a verdadeira cara da ditadura. Os alunos o acompanharam nesta caminhada e puderam ver a ditadura tal como ela era.
Generoso, me apresentou ao editor Caio Graco, da Brasiliense, que, por sua vez, me fez conhecer seu pai, o historiador Caio Prado Junior, de uma simpatia sem igual, com quem conversei por horas a fio enquanto aguardava despachar com um dos maiores editores brasileiros - por sinal, havia um estagiário que se tornou também bastante conhecido dos meios intelectuais e que fazia sua estreia nos meios, um certo Luiz Schwartz, mais tarde fundador e presidente da Companhia das Letras.
A última vez que reencontrei o Professor Maurício Tragtenberg foi na Livraria Cultura. Ele havia esbarrado em uma pilha de livros e deixou cair sem querer, é claro, mas ficou tão sem graça que se encontrasse um buraco tentaria se esconder.
O pai do músico experimental e reconhecido internacionalmente, Lívio, de quem ele se orgulhava, sempre foram ligados na imaginação das pessoas que os conheciam, pai e filho. Dois gênios. Das melhores safras, diria.

  Prof. Maurício Tragtenberg em uma aula na FGV falando de partidos políticos em ação no Brasil