segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O fascista

Santos, cidade litorânea, atrai forasteiros pela brisa de seu mar, de águas límpidas, azuis, verdes, mas também pelo centro onde o cais se tornou centro do comércio, de barganha e de exportação. Um caipira veio do interior do estado e cismou com um colega de "A Tribuna" que assinava artigos nas páginas de Economia com o mesmo nome, aí achou que o antigo deveria deixar de lado esta marca já tradicional e procurar outra, quem sabe mudar de nome. Claro que o tradicional colega não aceitou. Bem. O rapaz interiorano - nada contra os caipiras hein! - assumiu a sucursal de "O Estado de S. Paulo" nos idos dos anos 1972, por aí, e me convidou para conversar. O convite veio através de dois colegas que prezo demais até hoje, gente de primeira linha. Fez a proposta, disse que eu deveria deixar o jornal onde trabalhava, o "Cidade de Santos" editado pelo José Alberto de Moraes Alves Blandy, e passaria a fazer reportagens para o vetusto Estadão.
Perguntei quanto deveria ganhar pelo trabalho, afinal perguntar não ofende, e ele respondeu: "Nada". Quis ter certeza de que estava ouvindo direito. "Você não vai ganhar nada, vai trabalhar aqui para a família Mesquita, o que é uma honra".
Quando se tem a idade por volta dos 20 anos a gente não mede as palavras. Chamei-o de "fascista". Virei as costas e o deixei com meus dois amigos de que tanto gosto e admiro até hoje como já disse.
Vez ou outra quando eu já estava trabalhando na "Folha de S. Paulo" o "fascista" se queixava de mim, dizendo que eu o chamei de algo que ele definitivamente não era, argumentava, se defendia. Contava aos meus amigos que eu não mencionava seu nome, só o taxava de "fascista".

 O porto de Santos atrai todo mundo do interior que fica fascinado pela cidade litorânea

Nenhum comentário:

Postar um comentário