sábado, 12 de outubro de 2013

Tim Lopes

Trabalhamos juntos por alguns anos. Nunca o vi aborrecido ou magoado. Sempre alegre, tinha aprendido as manhas todas na redação de Samuel Wainer, por onde entrou como contínuo. Foi o clássico diretor quem lhe deu o apelido de Tim Lopes. Seu nome de batismo era Arcanjo. Mas na redação carioca do jornal "Repórter" nós o chamávamos de Tim Lopes. Nunca faltou ideias nem pautas para ele, para os colegas, para todo mundo.
Sua grande preocupação era com os gatos pingados. Os chamados excluídos. Uma vez ele marcou um debate com toda a fauna do Mangue, o local cantado por Manuel Bandeira, já em seus dias finais. O centro do debate era sexo, evidentemente. Estávamos na ditadura e o que mexia conosco não era a visão marxista das coisas, mas fazer exatamente como queria fazer o lendário Samuel Wainer, falar de assuntos populares com conotação política.
Nesse dia no Mangue bateu uma fome danada e no boteco só tinha uns pães amanhecidos e mortadela safada. Tim pediu, mas nossos colegas de redação o impediram de beliscar o para ele apetitoso sanduíche, poderia fazer mal, não queríamos que ele sofresse justamente em uma parte sensível do corpo que é o estômago.
Tantas histórias deste meu companheiro com quem dividi a autoria do primeiro livro, "Terror Policial", Global, 1980. Agora seu filho Bruno Quintella, que vi na barriga da mãe, acaba de ganhar o prêmio pelo filme "Histórias de Arcanjo - um documento sobre Tim Lopes", da Globo Filmes.
Concorreu com tantos outros filmes no Festival Rio 2013. Parabéns.
Tim Lopes viverá sempre!

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