domingo, 1 de dezembro de 2013

Poder

Tinha voltado da rua, na redação do Estadão conversávamos bastante entre uma espera ou outra quando desciam as matérias ou quando o editor estava despachando na sala do diretor. Repórteres e copydesks, os redatores, cargo hoje já extinto, falávamos do chamado quarto poder. Emiti uma opinião, algo próximo à realidade: "O repórter de Política está próximo do poder, é sua matéria prima, tem de cultivar fontes, vira e mexe está no Executivo como no Legislativo e no Judiciário. Porém, vejam que falo por mim, volto para casa e meus quatro filhos vão para a escola...escola pública, porque o que ganho como repórter de um dos maiores jornais mal dá para manter a comida, o básico. Por isso meus filhos estudam em escola pública que, como todos sabem, é de péssima qualidade. Poder, quarto poder, tudo balela". Um redator ouviu, anotou, defendeu seu mestrado na PUC com base nisso. Foi o que ele garantiu no dia da apresentação do trabalho. Escreveu até um livro que teve duas edições, com prefácio de um dos colegas que mais admiro, o José Hamilton Ribeiro. Só não escreveu de quem tinha vindo a ideia. Quer dizer, falar ele fala, diz quem foi seu inspirador. Só não escreve. Não quer deixar para a posteridade o que é um fato. Deve ser isso.

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