domingo, 9 de fevereiro de 2014

Fernando Collor e Olavo Setúbal

O então governador das Alagoas tinha contato bem próximo com o editor de Política do Estadão. Nunca escondeu de ninguém que queria ser Presidente da República. Todas as semanas eu recebia um telefonema do capitão Dario, seu chefe da casa civil, que dizia mais ou menos como uma senha, "olha, o chefe vai aí para São Paulo, pode nos encontrar em 5 horas em tal lugar". Pedia para não publicar o resultado de certos encontros.
Desta vez a reunião foi na casa do presidente da Federação do Comércio, Abram Szjman, que recebia a todos com sua mulher Cecília e os filhos. A casa mais parecia um museu, tal o número de originais de quadros na parede: Tarsila, Di Cavalcante, Portinari e por aí vai.
Eis que surge na porta o dono do banco Itaú, Olavo Setúbal. É cumprimentado pelos anfitriões e Collor se abaixa para falar em meus ouvidos:
- Esse aí tem alguma importância?
Digo para ele que o fato de ser dono do Itaú já é de grande, de suma importância. Mas ele não se conforma e cola de novo em meus ouvidos:
- Isso eu sei...
Aí foi a minha vez:
- Governador (eu o tratava assim), o doutor Setúbal articulou com Tancredo a transição para o fim da ditadura militar, foi ministro das relações exteriores e tentou articular o Mercosul.
Ele me interrompeu. Doutor Olavo já estava próximo.
Collor abriu os braços e disse de alto e bom som:
- Ministro....
Cai o pano.
                                                        Fernando Collor e Olavo Setúbal

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