domingo, 23 de março de 2014

Leonel Brizola

Uma reportagem com o governador Leonel Brizola rendia assunto, mas nunca o lead (início, abertura da matéria), eram horas e mais horas interessantes que pareciam segundos. No auditório muita gente. Bem na frente nós, repórteres de jornais, rádio e TV anotando, registrando tudo. No final aquilo de sempre: trocávamos figurinhas, se houvesse algum dado que estivesse faltando era só acrescentar.
Nos jornais ele era aceito, tinha muito peso, mas não era dos mais queridos personagens. Sabendo disso teríamos de ser o mais sucinto possível. Mesmo porque sua fala se arrastava por horas a fio, mesmo se ele estivesse entre um compromisso e outro, paletó nas costas, mangas arregaçadas, a  mesma firmeza de sempre.
Tudo certo, no dia seguinte saiu a nota. Meu chefe, no entanto, trouxe um dos jornais concorrentes com a foto de uma moça de peito de fora, Brizola ao fundo falando, falando. Não havia visto a moça, uma das strippers que um dia alguém disse que ela poderia se candidatar a cargo eletivo em São Paulo, como houve na Itália com uma certa Cicciolina. Levei uma bronca enorme. Liguei para os colegas que estiveram na mesma palestra, ninguém havia visto a exibicionista, a tal matéria era uma jogada de marqueteiro de fundo de quintal que privilegiou o diário carioca com um "furo".
A explicação não colou muito, mas no dia a dia da reportagem é assim, um dia a gente faz uma boa reportagem, no dia seguinte ela poderá ser apenas razoável, depende de uma série de fatores.
Quando Jânio Quadros estava no caixão contei para Brizola que o Presidente não gostava de uma brincadeira que seu neto fazia anunciando uma suposta visita de Leonel de Moura Brizola, Jânio dizia que era "brincadeira de mau gosto", ao que o gaúcho deu três tapinhas no rosto de JQ e, rindo, disse apenas o que entendi como uma homenagem: "Gracinha!".

                                                         Brizola, um dos maiores políticos do Brasil

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