terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fortuna

Em um belo dia, meu filho me disse que o vizinho que estava se mudando era um amigo. Estava sentado na poltrona indiferente à bagunça da mudança. Eu o reconheci no corredor. Já havia me encontrado muitos e muitos anos atrás com ele na Folha, onde era o responsável pelo Folhetim. Ele e Tarso de Castro, criadores do Pasquim. Já tínhamos conversado também em Piracicaba, onde ele foi um dos idealizadores do famoso Salão de Humor e também no Rio, ainda nos anos 60. Falávamos todos os dias. Os assuntos eram os mais variados. De manhã bem cedo ele batucava sua máquina de escrever. Dirigia algumas publicações, tinha de escrever 70 toques rigorosamente para que tudo desse certo. Algumas vezes saía com o filho André, que puxava um carrinho de madeira. Brincava com os dois: "Vocês vão pegar umas meninas pelos bares da vida, não é mesmo?". Uma vez ele disse estar na dúvida. Millôr havia lhe dito que o Barão de Itararé era apenas e tão somente um frasista. Ele discordava. Toda vez que ia entregar algum desenho queria que eu avaliasse. O mesmo com o texto, primoroso, de uma elegância ímpar. Assim era o grande maranhense, premiado em exposições de muitos países. Grande artista.

2 comentários:

  1. Olá Rivaldo!
    Seu texto primoroso me emocionou. Não sabia que você ainda se lembrava daquele carrinho de madeira. Saudades de minha infância e da adolescência, que, parte dela passei com seus filhos. Tudo foi realmente muito proveitoso e agradável.
    Um beijo grande na sua família e um abraço forte para você.

    André Alves Fortuna

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    1. Gosto muito de você, de sua mãe Izilda Alves, vocês são maravilhosos, vivem no meu coração!

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